sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Do jeito que é

Assim mesmo. Tens consigo algo distinto do que indica teu outro nome. És energia e sentimento. És poema (e poema de vida). Ostentas a bandeira da inocência mas na verdade derrama-me experiência com o olhar. Deixe-me agora te conduzir uma valsa em pleno mundo teu, dance teu salão principal e encare que qualquer experiência perdida é uma experiência vivida, e pior seria se fosse sozinho. Estou aqui. Mãos estendidas, coração aberto. Ombros prestes a te amparar. Seja o que for... Haja o que houver.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Benevolência e obstinação

Incomum benevolência. Desfrute dessa qualidade.
Doce teimosia. "Faz parte do meu show..." (citando Cazuza).
Para iniciar está bom. Cada face que explora meu rosto. A ferramenta torta que o esculpiu.
Conviva com a renegação. Conviva com o espelho.
Quando aceito não estou propriamente cedendo. Estou apenas discordando de mim mesmo,
Aproveitando um argumento posto pelo interlocutor. Sempre em questionamento.
Também não aceito nada sobre mim.
E o que mais sou capaz? Descobrir coisas. Sempre.
Hoje descobri algo interessante: mesmo que eu esteja perdendo, em franco processo de desistência, ainda assim eu vou fazer parecer que estou ganhando. Pior do que perder (para mim) é ganhar abrindo mão de algo que, no mínimo, me é indispensável. Logo, se eu perder, vou estar ganhando. Derrota por opção.
Ame a benevolência de um. Aceite sua doce obstinação.

domingo, 25 de setembro de 2011

Casa

Uma casa de formiga construída num estágio de consciência de formiga (quando na verdade se é abelha), e só mais tarde isso vem à tona, pode servir de postulado básico para converter a morada  em casa de abelha sem uma desconstrução completa?
Todas as peças que colocamos foi sobre um enunciado coberto a véu.
Porém não são mais mundos isolados.
Não será viável exercer os atos da nova vida se apegando a conceitos do passado. É apenas uma questão de tempo pra percebermos.
Pode o sujeito se apegar a uma verdade construída sem sinceridade plena para afastar os produtos da nova forma de ver o mundo? As coisas já não são como sempre foram.
Princípios estruturantes se transformaram. Postulados básicos se foram.
Nós derretemos o aço que nos forjou. Agora sob nova forma. Um novo conceito.

sábado, 10 de setembro de 2011

As mãos

Estava tão apertado, tão difícil, que resolveu se curvar. Atirado ao chão, deixava toda aquela tempestade bater em suas costas, sua nuca. Aos poucos, gota-a-gota, o mal foi sendo suportado. Recorreu a quem talvez seja a única pessoa capaz de lhe dar a vida. E deitou. Esperou o efeito do tônico dos deuses, na esperança de um milagre. O inacreditável é que ele sabia ser o culpado da própria dor. Por usar demais. Mesmo assim, no dia seguinte lá estava ele novamente, na chuva, expondo seu corpo de novo. Mas o labor foi feito com tanta intensidade, com tanta arte, que superou todas as expectativas! Era o seu ápice dos últimos tempos. Insuperável exceto pela primeira vez. Veio a dor novamente. E de novo réu confesso. Não seria acusado por si mesmo, o medíocre. Ocorre que o amor o fez continuar. E dedicou os dias que eventualmente surfará em glória ao desejo capital. Desta vez não faria da mesma forma, refletiu. Escolheu com dedos de cirurgião, ou melhor, de artesão que era. Escolheu a melhor obra poética, o símbolo perfeito de seu amor. E se dedicou a viver por esse ideal. Eternamente, até que outro desejo lhe tomasse as mãos.

Glória

Não são cartas. Nem sei como são. Pensamentos são como fichas?
Eu só sei que embaralha, que descarta, que grava e superpõe.
Eles nos mostram o que é certo?
Eu só sei que pira, que erra, que sofre e machuca.
Glória dos dias em que os homens acordam com a consciência limpa.
Glória desses dias. Nada mais a dizer.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Interessa

Me interessa saber quando as coisas acontecerão, pois é difícil viver essa terrível dor de não-saber. Lançou-se os dados pra quem não acredita em sorte, mas ela pode ser a única saída pra quem já nasceu com menos.

Muitas coisas mudaram. Vão continuar a mudar. Ninguém sabe começar o projeto faraônico: construir um templo vazio ou amar o casebre que te pertence.

Cada guerra declarada contra mim mesmo. Me assusta como venho sendo meu pior algoz.

Só descobrir...
Acreditar que está me esperando em algum lugar parece extremamente utópico.
É mesmo algo ridículo pra alguém tão cético.

Não vou retornar pras bases de onde saí.
Mas não me peça pra correr agora.

Acostumado a se acostumar com o escuro, pro homem deitado é mais fácil esperar pela morte.
Ainda que não seja doce, e sim amarga a sensação...

Vários universos dentro de um mundo.
Aquele ainda me chama.
Me clama e berra, volta pra mim...
Ele é tentador. O fim é a resolução de todos os problemas.

Covarde, nada muito diferente da filosofia pessoal de outrora.
Tanto quanto masoquista pra chamar a atenção, mas ninguém se condói.
Eu disse, NIN-GUÉM...

Só tenho medo de uma coisa. Da crueldade que empenharei contra mim mesmo.
Até que a morte me separe... Amém.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Areia

Areia. Tudo começa com areia. Que vira vidro. Que vira espelho. Mostra seu lado mais cruel. Mostra seu lado mais suave. Pecados, milagres. Isso é o que você será capaz de fazer. Todos os pontos de luz convergem pra que enxerguemos o que somos. Mas não. Destrói essa farsa que criou por fora. Desconstrói o que está dentro e caminha. Transforma o que era vidro, esse ideal cristalino. Transforma tudo em areia. Pisa nesse chão que é macio, mas não deixa afundar. Feche seus olhos e me encontre numa praia. Agora. Deserta. Tudo é azul e ao som do mar. Tudo é areia. Feche os olhos e a sinta nos pés. É só areia. São só seus pés. É só você e o mundo. É só o mundo.