sábado, 28 de abril de 2012

rua estreita

Estamos cegos, pois é turva a passagem...
Ora de mãos dadas, ora mergulhados em nossas profundezas, procuramos a luz lado a lado.
Por já existir o que há, nos resta apenas descobrir.
Ou não...
Talvez possamos mudar nossos destinos, quem sabe mudaremos o destino final.
Pois a menos que os passos da criatura sejam apenas marionetes, as decisões maiores se perderão em meio a tantas incertezas e a essa infinidade de planos se sobrepondo.
Já havia luz, o que inventamos foi uma forma de enganar nosso medo da escuridão.
Já havia a verdade, o que inventamos foi nossa ideia de verdade.
Já havia comunicação, mas inventamos formas incompreensíveis de dizer.
Já caminhamos e voltamos do nosso coração, somente ainda não fomos capazes de decodificar essa dor que atravessa a alma dos que começam a ver...
É uma breve e estreita rua entre tantos furacões, de cá vislumbra-se apenas...
Mas não se sabe o que é, não se compreende, não se sabe como chegar.
Como o inseto novo que ascende, mas não obtém êxito no seu voo.
Eis a engenharia da vida.
Lutar sem saber quais louros a vitória pode trazer.
Ajudar quem está do lado, simplesmente por saber que o caído chora pela cegueira incessante.
E também porque há tempos era você, daqui a tempos será outra vez.
Chore, mas não se entregue.
Caia e deixe passar.
Levante-se.
Seja forte e mantenha o equilíbrio. Não sabemos o que está a frente. Mas seja o que for, estejamos preparados. Ou morramos com dignidade.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Quanto tudo é nada e quase nada é alguma coisa

Uma vez pensou em ser jardineiro. Foi desestimulado, não muito apropriado a ele...

Decidiu então que iria escrever contos. Se desacreditou, nada que dizia era tão interessante assim.

Última tentativa, dedicou-se a intermediar pessoas, e viu que com o egoísmo humano todo esforço seria em vão.

Ora, o que seria mais válido que plantar sorrisos ao enfeitar um jardim?

Que engenharia é mais nobre do que construir um momento feliz na vida de alguém?

E resolveu que ficar com as flores (e não se doar às pessoas) seria pequeno.

E que apenas escrever não mudaria a história de ninguém.

O engano é que ele não queria enxergar. Ao querer modificar tudo, seu poder diante de um pequeno problema era quase nulo...

Mas agora ele se dispôs a encontrar seu verdadeiro caminho. Sentiu a necessidade de acreditar em uma só rota, que questionar tudo implica inércia...

Antes tivesse se dedicado às flores...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A verdade é o cerne

Tudo está parado. É o cenário perfeito pra avaliar como vão as coisas.
Não raras vezes o passado gangorra na sua memória mais imediata e você precisa filtrar sem poder, contudo, esquecer.
Por paradoxal que pareça, convivem em mim um sonhador e um racional.
Um crédulo pessimista ou um cético asceta.
Pode ser que agora seja o momento, mas no que depender de você as coisas continuarão tal e qual se encontram.
Eu caminhei, ainda que moderadamente.
Daqui pra diante eu preciso de um passo seu.
Destaque-se dos seus sonhos e pise em terra firme.
Não se proteja tanto ao ponto do isolamento e deixe-me conhecer quem mora dentro de você.