sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Confissões de um Passante

Meu andar revela quem estou
Hoje que saí com andar de “nada a perder”
E resolvi mudar a marcha para um “tudo a ganhar”
Que tem mais esperança

A chuva que cai é real
Há a chuva de fazer tudo desacelerar
E a chuva de fazer tudo andar depressa

Há o andar pra quem vê as coisas belas
E outro pra quem quer que tudo passe depressa
Há também o andar dos desesperados
O dos corajosos e o dos cansados

Não é tão simples escolher
Não como escolher uma música para cantar
Ou para dançar

O andar também carrega o peso do olhar
Daquele primeiro contraste vamos do fosco ao reluzente
E caminhamos mais
E cada vez mais confiantes
Cada vez mais distantes do engatinhar de outrora

E a valsa do andarilho já se faz de olhos fechados
O andar tem ritmo, intensidade, humor
E cada um é seu próprio senhor para caminhar como entender melhor
Eu escolhi andar para lá
É lá que eu quero ficar
Mas não adianta querer encontrar esses passos
Pois são esguios e correm somente quando sua vaidade o permite

Desejá-los dói, corrói, destrói
Por isso o tenho detido em carreiras falsas
A fim de provar quem não sou

Sei que cada minuto me aproxima de lá
Mas é lá que eu quero ficar
Por isso vou depressa, correndo
E é por isso que meu andar...
Esse carrega consigo uma oração.

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